Comportamento respondente x Comportamento operante: processos diferentes ou diferentes componentes de um mesmo processo comportamental?

Durante a graduação em Psicologia, aprendemos que existem dois grandes tipos de comportamento: o respondente e o operante. Embora essa distinção seja útil para fins didáticos, na prática os dois processos não ocorrem de forma isolada — eles se entrelaçam continuamente em cadeias comportamentais.

Foto de Satoshi Hirayama

O comportamento respondente é aquele controlado por estímulos antecedentes, cuja relação é do tipo estímulo–resposta (S–R). Esse tipo de relação foi amplamente estudado por Ivan Pavlov, que observou que cães podiam aprender a salivar ao ouvir o som de um sino previamente pareado à apresentação de alimento. O sino, inicialmente neutro, passou a eliciar salivação após sucessivos pareamentos, tornando-se um estímulo condicionado. O alimento era o estímulo incondicionado — aquele que naturalmente provocava a resposta incondicionada. Esse processo, denominado condicionamento respondente, descreve como aprendemos a responder a estímulos que adquirem a capacidade de eliciar respostas involuntárias.

Mais tarde, John B. Watson ampliou o entendimento desses processos ao estudar as emoções humanas sob a ótica do comportamento respondente. No famoso experimento com o pequeno Albert, demonstrou que respostas emocionais, como medo e ansiedade, podem ser aprendidas por meio do pareamento entre estímulos neutros e estímulos aversivos. Assim, respostas emocionais passaram a ser compreendidas como comportamentos respondentes condicionados, mostrando que até nossas emoções seguem leis naturais.

Do ponto de vista fisiológico, o comportamento respondente está relacionado principalmente à atividade das glândulas e dos músculos lisos, o que lhe confere uma dimensão involuntária. Já o comportamento operante, descrito por B. F. Skinner, envolve ações mediadas pelos músculos estriados, associadas a uma dimensão voluntária do comportamento. Nesse caso, o comportamento é mantido pelas consequências que produz — reforços, punições ou extinções — que alteram a probabilidade de sua ocorrência futura.

É essencial distinguir que comportamento e condicionamento não são sinônimos. O comportamento — respondente ou operante — é a maneira como organismo interage com o ambiente (interno ou externo à pele), enquanto o condicionamento se refere ao processo de aprendizagem pelo qual esse comportamento é adquirido, fortalecido ou modificado. Em outras palavras, um comportamento é o produto de um processo de condicionamento, mas não se confunde com ele.

Na realidade, os comportamentos respondentes e operantes não se expressam de modo separado, mas em cadeia. Uma reação emocional (respondente), por exemplo, pode alterar o valor reforçador de determinadas consequências (operante), e vice-versa. Em contextos clínicos, educacionais ou cotidianos, estímulos antecedentes, estados fisiológicos, consequências e histórias de aprendizagem se articulam em um sistema contínuo de interação.

Compreender essa integração é fundamental para o analista do comportamento. Em vez de adotar uma visão dicotômica (respondente ou operante), a Análise do Comportamento propõe uma abordagem funcional e integrada, na qual estímulos antecedentes, respostas e estímulos consequentes formam um sistema dinâmico, interdependente e complexo. É nesse entrelaçamento que reside a potência explicativa — e transformadora — da ciência do comportamento.

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